(...) Não gosto de meias-palavras, de gente morna, nem de
amar em silêncio.Aprendi que palavra é igual oração: tem que ser inteira senão
perde a força. E força não há de faltar porque – aqui dentro – eu carrego
o meu mundo. Sou menina levada, sou criança crescida com contas para
pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico
séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu... Escrevo
escondido, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não
dói. E eu amo. Amo igual criança. Amo com os olhos vidrados, amo com todas
as letras. A-M-O. Sem restrições. Sem medo. Sem frases cortadas. Sem
censura. Quer me entender? Não precisa. Quer me fazer feliz? Me dê um
chocolate, um bilhete, um brinde que você ganhou e não gostou, uma mentira
bonita pra me fazer sonhar. Não importa. Todo dia é dia de ser criança e
criança não liga pra preço, pra laço de fita e cartão com relevo. Criança gosta
mesmo é de beijo, abraço e surpresa!
Fernanda Mello
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