Sorrir com os olhos, falar pelos cotovelos, meter os pés
pelas mãos. Em mim, a anatomia não faz o menor sentido. Multiplico
meus cinco sentidos por milhares e me proponho a descobrir todos os dias novas
formas de sentir. Quero o cheiro da felicidade, o gosto da saudade, o olhar do
novo, a voz da razão e o toque da ternura. Luto contra o óbvio, porque sei que
dentro de mim há um infinito de possibilidades e embora sentimentos ruins
também transitem por aqui, sei que devo conduzi-los com a força do pensamento
até a porta de saída. Decidi não delegar função para cada coisa que eu quero.
Nem definir o lugar adequado para tudo de bom que eu sinto. Nossos sentimentos
são seres vivos e decidem sem nos consultar. A prova de que na vida, rótulos
são dispensáveis e sentimentos inclassificáveis.
Fernanda Gaona
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